segunda-feira, 30 de setembro de 2013

the crimson petal and the white (bbc)



 [ bom ]

título original. the crimson petal and the white.
género. drama. romance.
episódios. 04 (236 min)
ano.
2011

realização. marc munden.
argumento. lucinda coxon. michel faber.
protagonistas. romola garai. chris o'dowd. gillian anderson. amanda hale. richard e grant.
sinopse. 1870, londres. uma jovem prostituta vê a sua vida mudar, quando se torna amante de um poderoso industrial. [imdb]

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bem-vindos à londres vitoriana: sobre-populada, pouco segura, com ruas imundas. bem-vindos a uma sociedade rígida e cheia de moralismos e proibições, imunes à prosperidade económica e avanço industrial que a inglaterra vive.




conheçam sugar, uma jovem mas experiente prostituta, que passa o tempo entre clientes a ler escritores vanguardistas, e a escrever o seu próprio romance, onde mata as suas personagens, violentamente e sem punição. na vida real, o mundo gira de outra forma e sugar é famosa por satisfazer quem a procura, de uma forma que mais ninguém o faz, tornando-a muito procurada entre os grandes fidalgos.

quando recebe william rackham, este não sabe o que quer fazer da vida. aspirante a escritor e sem gosto pelo negócio de família (loções, sabonetes e cremes), o tipo está à beira da bancarrota porque o pai recusa a financiar-lhe as aspirações literárias falhadas. william fica obcecado por sugar e pela forma como a prostituta vê a vida. a influência da jovem sugar revela-se bastante benéfica e william rackham começa a prosperar, surpreendendo todos os que o rodeiam.


scully, quem a viu e quem a vê...


os dois tornam-se amantes a tempo inteiro e sugar deixa o bordel onde trabalha desde criança, ficando à disposição, exclusivamente, do seu amante, com um conforto que nunca julgou possível. o que parece um sonho irreal começa a tornar-se uma experiência amarga, pois o preconceito torna-se uma barreira, aparentemente, intransponível.

the crimson petal and the white é uma série crua com duas sub-histórias além da principal, focadas na repressão e na falsa moralidade da época, assim como a falta de humanidade e de auto-valor quando se vive na pobreza. algumas cenas são desconfortáveis; a sobrevivência fala mais alto e quem tem pouco a perder, preocupa-se em comer e dá pouca importância à dignidade. do lado dos endinheirados, por muita que seja a podridão, quando se é abastado e de descendência nobre, as atenuantes são numerosas.



a caracterização (cenários, roupa, penteados, trejeito) está muito boa e os actores, quase todos desconhecidos, estão soberbos; fiquei fã da protagonista, a actriz romola garai, e vou ficar atenta a outros trabalhos.

gostei bastante da evolução da história e da forma como as personagens são complexas. sem surpresas, é a adaptação de um romance com excelentes críticas, escrito por michel farber. o único senão desta adaptação (não li o romance) é o último episódio, com cenas algo "aceleradas" e um fim apressado e anti-climático (uma escolha infeliz de edição e montagem, talvez) depois de tanto cuidado em desenvolver as personagens e as suas motivações.

a procurar e a ver.

nota: até à data, esta mini-série da bbc não foi exibida em portugal.



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a single day spent doing things which fail to nourish the soul is a day stolen, mutilated, and discarded in the gutter of destiny .
 
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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

os estranhos



[ bom ]

título original. the strangers.
género. terror. thriller.
duração. 86 min
ano.
2008

realização e argumento. bryan bertino.


protagonistas. liv tyler. scott speedman. gemma ward.

sinopse. kristen e james tiveram um dia difícil, mas a noite que os espera é para lá de complicada. sozinhos numa casa isolada, vão ter a companhia de três estranhos mascarados cujas intenções não as melhores.
[imdb]


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os estranhos aborda o fenómeno da violência aleatória, em que pessoas normais são selvaticamente atacadas por desconhecidos... sem qualquer razão aparente. há muitos filmes que não são mais do que exercícios cinematográficos vazios, onde o tema é apenas um pretexto para a violência gratuita, mas há bons exemplos que valem a pena ser vistos: îls; funny games; eden lake e os estranhos.



um jovem casal volta do casamento de um amigo. exaustos e já um pouco bebidos, decidem pernoitar na casa de férias dos pais deles, uma cabana rústica bastante isolada. apesar de chegarem muito tarde, são surpreendidos por alguém que bate à porta, uma rapariga loura de voz hesitante que pergunta por uma amiga. pouco depois, começa o pesadelo.
 
 is tamara home?
a tensão faz o filme. cena após cena, o casal vai mergulhando num estado de terror profundo, à medida que o seu espaço é invadido por três estranhos silenciosos, escondidos por detrás de máscaras inocentes, que não parecem querer nada mais do que magoar. os diálogos são os necessários e o pânico é transmitido na perfeição pelos actores (liv tyler está impecável).

a motivação dos estranhos e o desfecho do filme são bons e dão que pensar; o facto de sabermos que há pessoas destas por aí, que não precisam de qualquer motivo para agredir selvaticamente, nem têm a palavra 'psicopata' gravada na testa, dão o mote a um argumento simples mas muito eficaz, construindo um thriller que dá a pena ver, apesar de perturbante.


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.  since we've been here, i haven't heard a dog bark... or a car pass. nothing. just us and them .

. it'll be easier next time .
 
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sábado, 21 de setembro de 2013

o enigma do horizonte



[ bom ]
título original. event horizon.
género. ficção científica. thriller.
duração. 96 min
ano.
1997


realização e argumento. paul w s anderson.
argumento. philip eisner.


protagonistas. laurence fishburne. sam neill. kathleen quinlan. richard t jones.

sinopse. uma equipa experiente é destacada para recuperar uma nave que desapareceu num buraco negro, e reapareceu subitamente.



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adoro filmes de ficção científica onde há tripulações a resgatar naves perdidas ou a explorar o espaço desconhecido (a saga alien é a minha favorita neste género); se tiverem um piquinho de terror então, tornam-se obrigatórios. nunca tinha visto, nem ouvido falar, d'o enigma do horizonte / event horizon, apesar do elenco conhecido.

estamos em 2047. a nave de resgate lewis & clark, comandada por miller (laurence fishburne), tem por missão localizar e investigar a event horizon, uma nave-protótipo que desapareceu na sua viagem inaugural há 7 anos atrás e, que foi, entretanto, detectada. a bordo vai também william weir (sam neill), o físico que participou na criação e lançamento da event horizon.



quando sobem a bordo da nave, a antiga tripulação não se encontra em lado nenhum, apesar dos radares indicarem a presença de actividade humana. a equipa de resgate começa a reparação para levar a nave de regresso à terra, mas quando começam a alucinar e a ouvir coisas que não podem ser reais, toda a missão fica comprometida, já para não falar da segurança de todos os envolvidos.




para quem está à espera de extra-terrestres letais e organismos parasitas, tirai o cavalinho da chuva. imaginem antes paranóia e terror psicológico, dimensões infernais e um plano de existência assustador, onde a equipa é confrontada com uma ameaça real e que põe em causa a sua sobrevivência. é fulcral perceber a subjectividade do filme para desfrutar do mesmo; event horizon conta uma história inteligente e aterrorizante, que vale a pena. gostei.


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.   i created the event horizon to reach the stars, but she's gone much, much farther than that. she tore a hole in our universe, a gateway to another dimension. a dimension of pure chaos .
 
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domingo, 15 de setembro de 2013

a evocação



 [ bom ]

título original. the conjuring.

género. suspense. thriller.
duração. 112 min
ano.
2013

realização. james wan.
argumento. chad hayes. carey hayes.
protagonistas. vera farmiga. patrick wilson. ron livingston. lili taylor.
sinopse. baseado em factos reais, conta a história de dois investigadores do paranormal chamados para ajudar uma família aterrorizada por uma poderosa entidade demoníaca. [imdb]

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the conjuring / a evocação tem tudo para ser um bom filme: um argumento sólido, um naipe de actores credível e uma realização sábia de james wan, com provas dadas no género em insidious e saw, e que encaminha o filme com segurança e para longe dos clichés mais do que estafados.

desde o início do filme que a atmosfera nunca desilude. a sensação de perigo está sempre iminente e torcemos para que a numerosa família perron seja feliz para sempre, nesta espaçosa e castiça casa de campo no meio de nenhures, assombrada por espíritos malévolos e atormentados, que se manifestam batendo portas, destruindo retratos e parando relógios (digitais e analógicos, atente-se). estamos na década de 70, as pessoas são optimistas e têm esperança que tudo o que é  "normal" se mantenha assim só porque... sim.

os perron ficam tão assustados com as situações que se sucedem à sua volta (e das suas cinco filhas), que recorrem ao conceituado casal de investigadores do paranormal, ed e lorraine warren, que dão palestras sobre demonologia e possessão. a juntar à situação, a família não se pode dar ao luxo de mudar de casa em dias, tendo investido as poupanças na casa de campo (é sempre assim!). ah!, esqueci-me de dizer que o filme é baseado em factos reais, sendo que os (verdadeiros) perron ainda vivem e aparecem no início do filme, embora a sua parecença com os actores escolhidos seja zero, mas isso pouco ou nada interessa nestas coisas.


who you gonna call? ghostbusters!
os truques a que james wan recorre são reconhecidos por qualquer amante de filmes de terror, mas resultam muito bem. the conjuring não é um filme cujo terror persista connosco e inquiete ao ponto de chegar a casa e sentir a necessidade de acender as luzes, mas sobressalta em todas as cenas onde o efeito pretendido é assustar. as interpretações de vera farmiga e patrick wilson são bastante boas e conferem respeitabilidade ao filme, que explora uma nova abordagem na forma como a possessão e o exorcismo são filmados, o que é refrescante e bem-vindo.

tenho ainda que mencionar a banda sonora, muito boa, mas outra coisa não seria de esperar; a melhor música de sempre foi feita nas décadas de 70 e 80, afinal.



devido ao enorme sucesso até à data, já se fala de uma sequela do filme, que certamente irei ver. the conjuring é o melhor filme de terror de 2013, mas ainda há uns quantos por estrear até ao final do ano.



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.  the devil exists. god exists. and for us, as people, our very destiny hinges on which we decide to follow .
 
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domingo, 8 de setembro de 2013

spring breakers: viagem de finalistas




[
fraco ]

título original. spring breakers.

género. crime. drama.
duração. 94 min
ano.
2012

realização e argumento. harmony korine.
protagonistas. vanessa hudgens. selena gomez. james franco. rachel korine. ashley benson.
sinopse. quatro adolescentes estão decididas a ter uma viagem de finalistas inesquecível e conseguem-no: acabam por ir parar à cadeia depois de uma noite de excessos. mas esse é apenas o começo de uma série de situações-limite.


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cotty, candy, brit e faith, 4 amigas que se davam lindamente no liceu. agora, na universidade, três delas são umas "gandas" malucas e a quarta pertence a um grupo de jovens cristãos e deixou de ter tanto em comum com as outras.

mas há algo que as vai aproximar: as férias da páscoa, na florida, onde as esperam dias e noites de festa, música, dança e muito álcool; basicamente, curtir e beber e dançar até cair (até a menina de coro alinhou).


a inocência em pessoa
a história começa como se fosse o (longo) videoclipo de um qualquer êxito de verão que passa sem parar numa discoteca algarvia. os grandes planos de mamas (ao léu e tapadas), cerveja a ser emborcada como se fosse água e corpos bronzeados com abdominais xpto dão o mote visual e eu devia ter percebido onde o filme ia dar. continuei a ver, confesso, pelo burburinho que publicitava que este seria o funeral da imagem de meninas-disney de selena gomez e vanessa hudgens; aqui, neste projecto cru e real (yeah... right).

conhecemos um pouco das personagens antes de estas partirem para a florida e tudo se resume a jovens de olhar lânguido, risinhos tolos e que não gostam muito umas das outras. complexidade? quase nenhuma. já na florida, é tudo acerca do excesso e da irresponsabilidade, que acabam por levá-las à cadeia e ao convívio com um gangster local (um james franco demasiado mau para ser verdade), onde duas dão à sola e outras duas se perdem. interesse e originalidade? zero.


«uma das melhores cenas»? seus brincalhões!
este filme é tão aborrecido que a duração de hora e meia parece o dobro. as interpretações são más. o argumento é insonso. dizer que este filme é uma crítica à juventude actual e à sua manipulação pelos media é legítimo (e nada descabido) mas a forma como foi feito é demasiado superficial e pretensiosa. um grande bocejo.


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money! i'm about making money. this a dream ya'll. this the american dream... that's it, i did it. most my brothers and sisters... they dead. it was all bad. they got murdered. i'm the last one standing. i'm as bad as they is. (...) this is my dream. i made it come true. this is the fuckin american dream .
 
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domingo, 1 de setembro de 2013

a semente do diabo




[
muito bom ]

título original. rosemary's baby.

género. thriller.
duração. 136 min
ano.
1968

realização e argumento. roman polanski.
protagonistas. mia farrow. ruth gordon. ralph bellamy. john cassavetes.
sinopse. um jovem casal muda-se para um novo apartamento, onde vive rodeado de vizinhos e ocorrências peculiares. quando a esposa fica grávida, começa a ter dúvidas sobre a segurança do seu bebé. 

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a semente do diabo envelheceu soberbamente; 45 anos depois, continua um exercício espantoso de representação, suspense e realização; até hoje, é o melhor filme que vi de roman polanski (que o adaptou brilhantemente do livro de ira levin).

ao longo de todo o filme, sentimos compaixão e alguma raiva (como pode alguém ser tão cego e ingénuo?) pela situação de rosemary, uma jovem esposa que se dedica ao bem-estar do marido, um actor de segunda que tarda em ter a oportunidade que o catapultará para a fama, apesar de este ser um egoísta de primeira água. rosemary é uma mulher do seu tempo (anos 70): curiosa, informada e a par das últimas tendências. 




porem, é bastante ingénua e inocente no que toca às relações humanas; doce e romântica, põe as necessidades dos outros à frente das suas, o que se revela uma má aposta quando fica grávida, pouco depois de mudarem de casa e começarem a residir no condomínio de bramford.




o bramford tem má reputação e são muitas as histórias de crime e sangue ao longo das décadas. quando os woodhouse se mudam, o condomínio é habitado por muitos séniores, que os acolhem de uma forma ruidosa e intrusiva, sem nunca parecerem ameaçadores, sem nunca parecerem o que são. apenas vislumbramos a sua perigosidade na fantástica sequência do sonho alucinado de rosemary, bastante sofisticado para uma fita de 1968.




o filme tem mais de duas horas, tempo que polanski aproveita ao máximo, desenvolvendo a história e a protagonista, construindo um suspense fantástico com uma heroína credível, que vai largando a sua passividade e revelando a sua força.


a carga psicológica do filme é subtil e gradual e a acção é rica em pistas e subtilezas que são confirmadas a devido tempo. o final é surpreendente. mia farrow é uma rosemary perfeita, convicente até à medula, ao ponto de não imaginar mais ninguém neste papel; todo o elenco é fabuloso, embora um insonso John cassavetes pareça demasiado pateta nas primeiras cenas do filme e seja pouco expressivo na totalidade do mesmo.

mas isso é uma nódoa mínima num filme a cinco anos do jubileu (50 anos, este filme vai fazer 50 anos!). um clássico o-bri-ga-tó-rio. 

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 he chose you, honey! from all the women in the world to be the mother of his only living son !
 
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